terça-feira, setembro 16, 2008

Saudade (parte II)

Levantas-te.
Aproximo-me. Já sinto o calor trazido pelas chamas. Ou será apenas o calor que emana do meu coração?
Os teus braços envolvem-me, o meu nariz roça o teu pescoço. Como é óptimo ter-te bem junto a mim outra vez. Estou feliz por estares comigo, mas mais feliz ainda por não ter de imaginar mais como prosseguir a minha vida sem fazeres parte dela. Enterro o meu rosto no teu pescoço e fico ali a sentir a tua pele, o cheiro da qual eu tinha saudades.

O meu peito parece pequeno para alojar os sentimentos que me invadem neste momento. Como é possível nutrir isto por alguém? É inexplicável o ser humano… Inexplicável talvez não seja, mas um mistério agradável é com certeza.

Não digo nada. Também te manténs calado. Julgo que os nossos pensamentos estão unidos num só: por mais belas que sejam as palavras, há momentos que as dispensam.
E assim nos quedamos juntos, apertados, felizes. A vida é um conjunto de momentos, nada mais.

O silêncio da noite é apenas quebrado pela linguagem imperceptível das chamas que continuam a envolver a lenha, fazendo-a desaparecer com os seus beijos.

Agora já não se ouve nada outra vez.

Só silêncio.

Afinal estou como sempre costumo estar, a tentar preencher com sonhos acordados este vazio inquietante do meu quarto que se alastra à minha vida.

1 devaneios:

Samuel Vidinha disse...

Ao menos neste texto a noite não cai...

LOL