terça-feira, janeiro 15, 2008

Desilusões

Há já algum tempo que a "pressionava": «Não tens nada para me dizer? Acho que tens...»

Mas ela com o seu bloqueio/timidez nunca lhe disse nada. Além disso, a habitual baixa auto-estima quase a obrigava a tomar os sinais que ele lhe ia dando como outra coisa, ou melhor, tentava explicá-los de uma outra forma que não a ÓBVIA (como lhe diziam algumas amigas).

Até que um dia, ele não lhe deu tempo para magicar essa explicação alternativa à óbvia e surpreendeu-a, repetindo palavras dela usadas há não muitos dias.
«Há coisas que não precisam de ser ditas… Sentem-se… Não é?» [E sorriu. “Aquele” sorriso…]
Foi nesse instante que se beijaram.

E poderia ter sido este o início de uma bonita história de amor. Não daquelas de “viveram felizes para sempre”, porque para sempre é muito tempo; mas talvez daquelas que duram uns bons anos. Bons e inesquecíveis.

Mas não foi. Foi mais o início do que viria a ser uma desilusão. Não directamente com ele, mas com ela. 21 anos sem namorado, 21 anos sem se sentir amada, 21 anos sem ter aquele abrigo ao qual recorrer de que tanto falam as canções românticas ou pirosas, dependendo de quem as ouve e apelida. Se esteve 21 anos assim, será que valeu a pena entrar nisto por menos de um mês? Não é que estivesse arrependida; se voltasse atrás faria tudo da mesma forma. Ou se calhar evitava que acontecesse para não voltar a arcar com as consequências estúpidas que ainda hoje a faziam sofrer.

Quando por momentos pensou em seguir conselhos que vinha ouvindo há anos e gradualmente ir afastando os fantasmas da baixa auto-estima, eis que acontece isto. Os fantasmas ganham novamente.
E, feliz ou infelizmente, a rapariga fica a saber que se conhece tão bem quanto as brasas conhecem a chama.

Até agora, a vida só tem dado vitórias a esses fantasmas, logo, ela não vê razão para os contrariar, enfrentar e, por fim, vencer. Será que algum dia o irá fazer?
Por enquanto, continua (e continuará) «old, scared and lonely»… Have you all been there too?

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