- Não, não. Oh, Molly, eu cá bem no fundo quero mesmo é que tu saias desta situação e que consigas rebentar com esta cena toda com o teu trabalho. Sei bem o que isso significa para ti e talvez até tenha capacidade para perceber o que significará para mais uma data de gente, se o conseguires fazer. É esta dificuldade toda do dia-a-dia que me faz ficar assim, raivosa. Começo a odiar-te, a odiar-te, quando te amo, uma confusão do caraças… e começo a ficar ressentida e amarga contigo por todas as coisas que te dão força, que te permitem resistir a esta erosão diária. E começo a odiar-me a mim própria por não ser como tu. Não sei, talvez seja porque os meus pais me deram tudo, me estragaram, talvez seja por isso que não tenho força de vontade.
- Há muitas pessoas a quem deram coisas, que eram da classe média e que tiveram força de vontade.
- Sim, e depois? Quero lá saber o que elas fizeram. Preocupo-me é com o que é que eu vou fazer. Que raio é que hei-de fazer com a minha vida? Diz-me o que hei-de fazer.
- Não posso. Não valia de nada eu estar para aqui a dizer-te faz isto ou faz aquilo. Tu é que tens de dizer isso a ti própria.
- Mas é tão difícil.
- Por amor de Deus, é sempre difícil, independentemente de quem somos, de onde vimos, qual a cor da pelo com que, por acaso, nascemos ou do sexo que nos coube. Deve ser, provavelmente, a decisão mais difícil que qualquer pessoa tem de tomar na vida.
“O fruto proibido” Rita Mae Brown
[qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência]
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