segunda-feira, março 31, 2008

A um ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.

Detonaste o pacto.

Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.


Que poderias ter feito de mais grave
do que o acto sem continuação, o acto em si,
o acto que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.

Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Carlos Drummond de Andrade



Pode ser que um dia passe... [a saudade]

quinta-feira, março 27, 2008

Perguntas sem resposta #1

- Como é que se rasga a saudade?
- Como é que se bloqueiam pensamentos?
- O que fazer para apagar uma memória?
- Como abraçar um cheiro e mantê-lo connosco?
- Como posso dizer que te amo sem que da minha boca saia qualquer som?
- O que posso fazer para extrair a doçura do teu olhar?
- Como se traduz em palavras o amor? Será alguma [palavra] suficiente? E por gestos, será possível?
- Como posso explicar-te que, nos dias em que não gosto de ti, é só uma questão de tempo até me lembrar de coisas boas e voltar a sorrir?
- O que tenho de fazer para guardar no coração o calor de um momento?
- Compreendes/Consegues compreender que nem sempre quando choro é de tristeza?
- Onde é que está a escada para alcançar os sonhos?
- Com que espécie de arma se pode erradicar a injustiça? (do mais pequeno ao maior nível, da situação mais insignificante à mais grave)
- Como domesticar a teimosia e gerar compreensão?

* 14.03.2008

quarta-feira, março 26, 2008

TyLeR rAmSeY

Não conhecia, mas passei a conhecer e a gostar.
Tranquiliza, a voz acalma... Não acham?



Recommended by David, um músico bacano com um nível de loucura muito genial**

terça-feira, março 18, 2008

Just a thought...

Tudo o que é bom dura pouco, não importa o que fazes, tudo acaba em merda mais tarde ou mais cedo.

quinta-feira, março 06, 2008

Nós, os jornalistas

O título deste post foi só mesmo para parecer importante... lol
No fundo, o título devia ser algo como "nós, os pseudo jornalistas" ou mesmo "eu, a pseudo futura ex-jornalista?". Pseudo jornalista sempre serei; jornalista é que já não sei.
Adiante...
O jornalismo é realmente um mundo extraórdinário. Mesmo que eu nunca venha a ser jornalista, esta ideia nunca vai mudar. Porque quanto mais conheço do mundo, mais me vou envolvendo no "jornalismo caseiro" (aka mundo jcciano), mais sinto paixão por essa profissão tão poderosa.
Já não tenho aquela ideia romântica e utópica de que o jornalismo pode mudar o mundo; mas é com certeza uma profissão com imenso poder, caso contrário não seria chamado de 4º poder.
A utopia de Thomas More já lá vai... A ideia utópica de que o jornalismo pode mudar o mundo também. Mas o mundo continua a mudar a forma de exercer jornalismo.
E o jornalismo pode não mudar o Mundo na verdadeira acepção da palavra, mas desde há muito tempo que transformou o meu mundinho.

[20/12/2007]

segunda-feira, março 03, 2008

Physalis


Camuflada em folhas secas, saboreada pura ou coberta de chocolate, delicada e deliciosamente ácida, a physalis faz sucesso no Brasil.
A physalis é uma fruta que tem tudo para ser considerada exótica: nome, aparência e preço. Apesar disso, no Norte e Nordeste do país é comum nos quintais e é conhecida por nomes que não podiam ser mais brasileiros: camapum, joá-de-capote, saco-de-bode, bucho-de-rã e mata-fome. Desponta selvagem nas paisagens do Norte e do Nordeste. Popular nos quintais das casas do interior da Bahia. No Pará, cresce em abundância. O costume local sugere o uso das raízes da planta (homônima) no tratamento da hepatite e da malária. Os índios da Amazônia batizaram a physalis de camapu. Essa variedade nativa é a Physalis angulata, da família das solanáceas, a mesma do tomate, da batata, do pimentão e das pimentas.
Originária da Amazônica e dos Andes, a physalis possui variedades cultivadas na América, Europa e Ásia. Na Colômbia, é conhecida como uchuva e no Japão, como hosuki. É uma planta arbustiva, que pode chegar aos dois metros de altura.

Uma fruta pequena, bonita, delicada e de sabor ácido começa a brilhar nas mesas requintadas do país, ao fim das refeições, em parceria com o café. A physalis apresenta-se pura ou recoberta de uma camada de chocolate, em fascinante contraste de cores e sabores. Nativa das regiões temperadas e tropicais, tem a parte comestível protegida por uma delicada folha seca, assemelhada ao papel de arroz. A cor da fruta vai do amarelo ao verde, passando pelo vermelho.

Parece exótica, mas não é. Na verdade, é filha brasileira. Possui irmãs na América, Europa e Ásia, dividindo-se em cerca de oito variedades. Pende de arbustos que chegam a medir 2 metros de altura. Integra a grande família das solanáceas, da qual ainda fazem parte a batateira, o tomateiro, o pimentão e as pimentas. Nos países europeus e nos asiáticos, a physalis surge em deliciosas receitas, como a britânica gooseberry fool, um creme que combina a fruta com chantilly. A refrescante sobremesa é feita com uma physalis esverdeada, apelidada de limão do norte. Os australianos a transformam em conserva. Pouca gente sabe, mas o tomatillo, produto de destaque na culinária mexicana, é na verdade uma physalis cultivada e consumida desde os tempos dos astecas e indispensável no preparo da típica salsa verde. A variedade nativa no Brasil se chama Physalis angulata. Utilizam-na para fins terapêuticos.

Apesar da popularidade entre os habitantes das florestas, a physalis só agora começa a conquistar status no meio urbano. Os supermercados das grandes capitais, porém, oferecem a fruta importada da Colômbia, já que a brasileira tem produção ainda bastante tímida. Além de saboreada in natura, a physalis revela-se ótimo ingrediente para sorvetes e compotas. Mas talvez a mais perfeita de suas combinações seja com o chocolate. No restaurante paulistano Palazzo Grimaldi, o chef italiano Luciano Boseggia manda physalis parcialmente cobertas com chocolate junto com o expresso, acomodadas num pratinho de petits-fours. A feliz parceria da fruta com o chocolate também pode ser conferida nos bombons da marca artesanal paulistana Busy Bee. Pelo primor da combinação, pode-se apostar que a lista de delícias à base da fruta e do chocolate deve aumentar no país.
É rica em vitaminas A, C, fósforo e ferro, além de alcalóides e flavonóides. Purifica o sangue, fortalece o sistema imunológico, alivia dores de garganta e ajuda a diminuir as taxas de colesterol. A população nativa da Amazônia utiliza os frutos, folhas e raízes no combate à diabetes, reumatismo, doenças da pele, bexiga, rins e fígado. Estudos científicos recentes em andamento e ainda não concluídos revelaram forte atividade como estimulante imunológico combatendo alguns tipos de câncer além de efeito antiviral contra os vírus da gripe, herpes, pólio e HIV tipo 1. Mais recentemente cientistas da Fundação Oswaldo Cruz do Ceará descobriram uma substancia chamada "physalina" que atua no sistema imunológico humano evitando a rejeição de órgãos transplantados. A FioCruz e seus cientistas estão requerendo a patente desta descoberta

Fonte: daqui :), daí o português do Brasil