Muito interessante. Vale a pena "perder" uns minutos a ler. Retirado do JN de hoje.
por Ricardo Paz Barroso
Um jornalista da estação televisiva SBS infiltrou-se no aeroporto de Amesterdão, conseguindo colocar uma bomba falsa numa aeronave, assim como traficar grandes quantidades de droga pela respectiva alfândega, sem ser detectado. A verdade é que, embora seja transmitida no próximo domingo, a reportagem já colocou o Governo holandês, assim como o Parlamento, em alvoroço.
Mas será válido que um jornalista se infiltre num determinado local, sem nunca denunciar a sua profissão, para assim conseguir obter a notícia?
"Não me parece que o modo normal de actuar seja pela via da infiltração", explicou Manuel Pinto, investigador na área dos média da Universidade do Minho. "Porém, em sistemas sociais que apregoam a transparência, mas que, em vastas zonas, praticam a opacidade, não custa reconhecer e aceitar que o recurso a infiltrados seja necessária, em nome do bem comum, como admite o Código Deontológico do Jornalista". Segundo o Estatuto do Jornalista, "este deve identificar-se sempre, salvo razões de manifesto interesse público".
"Não havendo outra hipótese, excepto esta "infiltração", como é que se pode denunciar uma situação grave?", perguntou, por seu lado, Rogério Santos, também investigador dos média. O professor da Universidade Católica destacou ainda o facto de ser necessária uma "narrativa" para este tipo de trabalhos "Não basta escrever que há violência ou quebras de segurança. É preciso arranjar uma narrativa - uma história que prenda a opinião pública, como se fosse um filme".
E contrapõe com um exemplo português, referindo-se a uma reportagem da RTP, de 30 de Maio de 2006, em que foram usadas câmaras ocultas numa sala de aula, comprovando-se os casos de agressão a professores. "Denunciada frequentemente em relatos dos agredidos mas sem atingir impacto público, foi com a reportagem emitida pela Televisão que surgiu grande polémica, com posições a favor e contra. Mas o assunto entrou na agenda pública, sendo tema de debates logo a seguir", lembrou. O regulador da Comunicação Social, ERC, criticou a atitude da RTP, ao passo que o Conselho Deontológico do Sindicato de Jornalistas a elogiou.
Um exemplo, pela negativa, pode ser dado através de um trabalho da Telemadrid, de 14 de Janeiro, onde uma jornalista fingia estar infiltrada numa rede de passadores de imigrantes ilegais através do aeroporto de Barajas (Madrid). Afecta ao Partido Popular, a Telemadrid tentava assim embaraçar o governo do PSOE. A falsa reportagem da estação foi denunciada pelo "El País", afecto ao PSOE.
por Ricardo Paz Barroso
Um jornalista da estação televisiva SBS infiltrou-se no aeroporto de Amesterdão, conseguindo colocar uma bomba falsa numa aeronave, assim como traficar grandes quantidades de droga pela respectiva alfândega, sem ser detectado. A verdade é que, embora seja transmitida no próximo domingo, a reportagem já colocou o Governo holandês, assim como o Parlamento, em alvoroço.
Mas será válido que um jornalista se infiltre num determinado local, sem nunca denunciar a sua profissão, para assim conseguir obter a notícia?
"Não me parece que o modo normal de actuar seja pela via da infiltração", explicou Manuel Pinto, investigador na área dos média da Universidade do Minho. "Porém, em sistemas sociais que apregoam a transparência, mas que, em vastas zonas, praticam a opacidade, não custa reconhecer e aceitar que o recurso a infiltrados seja necessária, em nome do bem comum, como admite o Código Deontológico do Jornalista". Segundo o Estatuto do Jornalista, "este deve identificar-se sempre, salvo razões de manifesto interesse público".
"Não havendo outra hipótese, excepto esta "infiltração", como é que se pode denunciar uma situação grave?", perguntou, por seu lado, Rogério Santos, também investigador dos média. O professor da Universidade Católica destacou ainda o facto de ser necessária uma "narrativa" para este tipo de trabalhos "Não basta escrever que há violência ou quebras de segurança. É preciso arranjar uma narrativa - uma história que prenda a opinião pública, como se fosse um filme".
E contrapõe com um exemplo português, referindo-se a uma reportagem da RTP, de 30 de Maio de 2006, em que foram usadas câmaras ocultas numa sala de aula, comprovando-se os casos de agressão a professores. "Denunciada frequentemente em relatos dos agredidos mas sem atingir impacto público, foi com a reportagem emitida pela Televisão que surgiu grande polémica, com posições a favor e contra. Mas o assunto entrou na agenda pública, sendo tema de debates logo a seguir", lembrou. O regulador da Comunicação Social, ERC, criticou a atitude da RTP, ao passo que o Conselho Deontológico do Sindicato de Jornalistas a elogiou.
Um exemplo, pela negativa, pode ser dado através de um trabalho da Telemadrid, de 14 de Janeiro, onde uma jornalista fingia estar infiltrada numa rede de passadores de imigrantes ilegais através do aeroporto de Barajas (Madrid). Afecta ao Partido Popular, a Telemadrid tentava assim embaraçar o governo do PSOE. A falsa reportagem da estação foi denunciada pelo "El País", afecto ao PSOE.
0 devaneios:
Enviar um comentário