com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas
não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de mim: será que vou morrer?, olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.
[José Luís Peixoto], um poema que até arrepia os ossos.
4 devaneios:
Fingir que está tudo bem... é o que faço diariamente!!...
Nunca li nada do José Luís Peixoto mas tenho muita curiosidade, e este poema aguçou-me mais ainda!
Beijinhos!
Teus olhos são sóis adormecidos
Perdidos no profundo da noite
Luzeiros na procura da aurora
Que viajam sem rumo ou norte
Procuram a ironia do tempo
Os gritos que um rosto apregoa
Uma taça de ouro frio
O tempo que uma alma magoa
Boa semana
Doce beijo
josé luís peixoto é um dos meus perferidos.
boa escolha,
scaramouche.
Tens que sorrir... Sem duvida!!!
***MUAH***
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